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Soneto de amor

  O amor nasce, cresce e, quiçá, mora na distância. Ele é energia, fogo e água. O amor é chuva, tempestade e calmaria. É luz e sombra. É tolerância. O amor escala montanhas e desce ladeiras. É passo lento e andar apressado. O amor é sol e lua. Noite e dia. Ele desbrava mares, os rios e cachoeiras. O amor é inverno, verão e provoca calafrios. Ele é perseverante e aflito. Verbo e silêncio. O amor pode ser sexo, sublimação e arrepios. O amor é felicidade, e pode ser tristeza. Ele é companheiro e solitário. O amor é meditação, oração e pureza.

Fanatismo

  Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida Meus olhos andam cegos de te ver! Não és sequer a razão do meu viver, Pois que tu és já toda a minha vida! Não vejo nada assim enlouquecida ... Passo no mundo, meu Amor, a ler No misterioso livro do teu ser A mesma história tantas vezes lida! "Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..." Quando me dizem isto, toda a graça Duma boca divina fala em mim! E, olhos postos em ti, digo de rastros : "Ah ! Podem voar mundos, morrer astros, Que tu és como Deus : Princípio e Fim! ..." Florbela Espanca

Todos os dias!

  Vejo você em todos os rostos, te vejo na rua. Vejo você num passo rápido, te vejo caminhando ao meu lado. Vejo você conversando, te vejo dizendo que me ama. Vejo você em meus pensamentos, te vejo em meu corpo.

Do livro: Em busca de mim (Viola Davis)

  "É por isso que, toda vez que ando pela rua, meus quadris balançam de um lado para o outro,  porque estou dançando ao som da MINHA loucura!  E todo esse tempo achei que tínhamos desistido de nossos tambores. Mas eles ainda estão aqui. Eles estão aqui.  No meu jeito de andar, no meu vestido, no meu estilo, no meu sorriso e nos meus olhos. Estão dentro de mim, me conectando a tudo e a todos que já existiram.  Então… querido, não tente me rotular ou me definir, porque não sou quem eu era há dez anos ou há dez minutos. Sou tudo isso e mais. E por mais que eu não possa viver na dor de ontem, não posso viver sem ela.”

Seu amor é demais pra mim!

  Não posso permitir que você me chame porque vou fingir não ouvir seu chamado. Não posso permitir que você me beije porque meu beijo não será inteiro. Não posso permitir que você me ame porque seu amor é demais pra mim .

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida a minha face? Cecília Meireles

Mãe!

Dona de um olhar verde, penetrante e provocativo. De uma beleza inconfundível. Dona de uma inteligência rara. Não teve oportunidade de frequentar longos anos de escola, leu muito, deu aulas e ensinava os filhos as tarefas escolares. Dona de um temperamento forte e de um semblante, muitas vezes, sério. Dona de sentimentos sufocados e dores acumuladas. A infância lhe foi roubada. Dona de uma enorme família. Sua juventude foi parir e cuidar dos filhos. Dona de um pulso forte numa época em que o patriarcado e o machismo imperavam. Mulher, como uma das milhares de sua época.